quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Comunidade nordestina se organiza no Ministério do Baião em Niterói.


Texto: Fabio da Silva Barbosa e Luiz Henrique Peixoto Caldas
Fotos: Fabio da Silva Barbosa, Luiz Henrique Peixoto Caldas
e o fotógrafo convidado, Sérvulo Augusto.




A cidade de Niterói sempre foi conhecida por sua intensa atividade cultural e por ser celeiro de nomes consagrados no meio artístico como Baby do Brasil e Paulo Roberto Chumbinho, baixista que acompanhou Tim Maia durante anos na banda Vitória Régia. Agora, que a face cultural da cidade parecia estar adormecida, nasce um movimento que não para de crescer. Oriundo da comunidade nordestina que vive na região, o Ministério do Baião está se erguendo sob as bases sólidas da cultura e história do nordeste brasileiro.

PAULINHO MOHURA, FABIO, CIGANO, ZÉ MOHURA E LUIZ HENRIQUE

Quem comanda tudo é o Excelentíssimo Ministro do Baião, Zé de Mohura, que produz eventos de peso, como o já tradicional Café da Manhã Nordestino. O Café acontece quinzenalmente aos domingos no Bar do Paulinho, cujo proprietário recebeu a comenda Marques da Gastronomia do próprio Ministro Zé de Mohura. Os títulos são distribuídos de acordo com a função de cada um nos trabalhos elaborados pelo Ministério. Além do café com rapadura, da tapioca e das outras comidas típicas que ficam sobre uma grande mesa, a presença do Cigano do Forró mantém o ambiente animado com muita música, completando o evento que se chama Domingueira Show. O bar se localiza na esquina da Rua Professor Otacílio com Vereador Duque Estrada, em Santa Rosa e segundo os planos do Ministro, será o Centro de Cultura e Tradições Nordestinas.




Outro evento que já está fazendo parte da agenda do ministério são as apresentações em escolas e faculdades. No mês de Abril se apresentaram na Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora e em Março no Centro Universitário Plínio Leite, apoiando a campanha do livro que visa montar uma biblioteca infantil em uma comunidade carente de Niterói.Seu livro “Aquarela do Nordeste” está na segunda edição e pode ser considerada a pura literatura de cordel. São 27 páginas com versos que citam grandes nomes, como Lampião, Paulinho Mohura (Marques da Gastronomia), Severino (Amigo das Comunidades), Padre Cícero e até uma “Apologia ao Jumento”. Os livros podem ser encontrados no Bar do Paulinho ou pelos telefones 8835-6067 e 9121-5915.


CIGANO DA O TOM

De Luiz Gonzaga a Zé de Mohura


ZÉ MOHURA AUTOGRAFA O AQUARELA DO NORDESTE EM UM EVENTO

Zé de Mohura, nascido no município de Umbuzeiro na Paraíba, completou 63 anos no ultimo mês de Março. Foi lavrador e pecuarista na sua terra. Aos 15 anos já tocava em festas locais. No final dos anos 60 foi considerado um ícone do baião, por toda região do Cariri.Veio para o Rio nos anos 80, onde trabalhou na construção civil. Passado algum tempo, ganhou a vida como porteiro e zelador. Ainda em 80 criou um grupo de forró chamado “Forró do Povo”, apresentando até a década de 90 os melhores sanfoneiros e “cantadores” da época. Atualmente, criou o grupo “Os Menestréis do Baião” e abandonou um pouco a sanfona e o canto para se dedicar à organização do Ministério, a fazer versos, e a divulgar o grupo, que presta homenagem a Luiz Gonzaga, considerado como o melhor astro do século XX no gênero. “Rapaz, Luiz Gonzaga foi precursor e eu sou o difusor. É nisso que me especializei. Na dança, no verso falado... na difusão. Eu apresento e represento minha cultura.” Explica Zé.Como sempre participou ativamente da história cultural de seu povo, se aprofundando em suas raízes e riquezas, decidiu que a grande Comunidade Nordestina que habita as diversas comunidades existentes em Niterói, deveria se unir para não deixar morrer seus costumes. “Estamos divulgando a verdadeira cultura, não tem nada a ver com isso que está acontecendo por aí. O povo está precisando de categoria e nós vamos levar um forró de categoria até eles.” Se emociona o Ministro.


ZÉ MOHURA AGITA A CRIANÇADA NO PROJETO "O BAIÃO NAS ESCOLAS"


A plataforma se apóia na música, na gastronomia, no turismo e na poesia. A música é representada principalmente por Proviete e o Cigano do Forró, que estão entre os melhores sanfoneiros da atualidade. A gastronomia é representada pelo seu Marques, Paulinho Mohura. O turismo ainda está em construção, mas já tem suas diretrizes traçadas. A poesia fica por conta do Ministro que acaba por contribuir em todos os demais campos de atuação.Um CD e um DVD estão em andamento, fazendo parte do projeto “Sua Majestade o Baião – De Luiz Gonzaga a Zé de Mohura”, que irá abranger um público maior por ser lançado na grande mídia. No CD o Ministro irá expor o primeiro Baião do século XXI, “Baião do Ratinho”. O DVD irá registrar o Dia a Dia do Ministério. Será um documentário de aproximadamente uma hora passando pela história, pelos eventos e acima de tudo, será um material pronto para imortalizar um homem que acreditou em seu ideal, transformando sonho em realidade.


ZÉ MOHURA E PROVIET

O Ministro do Baião: Zé de Mohura.


Comunidade: Fale um pouco sobre o Ministério.

Zé de Mohura: Em primeiro lugar gostaria de agradecer a presença dos meus amigos “Os Repórteres do Baião”; Rick e Fabinho. Gostaria também de agradecer ao nosso amigo correligionário Cérvulo Augusto. O Ministério é a verdadeira integração dessa comunidade maravilhosa, que é a Nordestina. É à volta e o novo baião. O Baião do século XXI. É um trabalho que está sendo divulgado em âmbito regional, mas que irá se elevar a nacional. Não é mesmo senhores Repórteres?

Comunidade: Claro Ministro. E os projetos futuros?

Zé de Mohura: Na verdade o projeto é tão grandioso que não cabe em um projeto. Ele se apóia em uma plataforma. Esse é o nosso caso. A plataforma se apóia na música, na gastronomia, no turismo e na poesia. O que futuramente vai levar a música a frente vai ser o grupo “Os Menestréis do Baião” que ainda não está pronto de fato. Já temos os sanfoneiros e os espetáculos, mas quando esse grupo estiver definitivamente fechado poderemos ir além da onde estamos indo. Serão os percussores do novo baião.

Comunidade: De todas as bases da plataforma o turismo é a única que ainda não foi posta em prática. Por quê?

Zé de Mohura: Nosso trabalho é um trabalho sério. Não podemos fazer as coisas de qualquer jeito. Algumas coisas dependem um pouco mais de tempo. Mas os contatos já estão sendo feitos. Antes do que se espera essa ultima base irá se concretizar, como as outras se concretizaram. Acredito que daqui a 1 ou 2 anos já estaremos indo para o Nordeste e depois vamos apresentar nosso trabalho em Portugal. O negócio é avançar. Estamos vivendo a globalização e a globalização não é local. Ela é universal. Vamos levar nossa cultura aonde for possível.

Comunidade: O senhor sempre fala com muita seriedade do seu trabalho, mas é uma pessoa sempre à vontade e tranqüila. Como consegue associar os dois extremos? O rir e o sério?

Zé de Mohura: Nós estamos botando para quebrar. Estamos brincando em serviço. Se divertindo enquanto trabalha. E isso não é para qualquer um.

Comunidade: É por isso que o seu trabalho está dando certo.

Zé de Mohura: E vai dar certo mesmo. Porque trabalhar se divertindo não é uma questão só de virtude, mas de capacidade também. E quem vai julgar esse trabalho é o povo. Não existe analista melhor que o povo.

Comunidade: E o que o povo pode esperar do CD?

Zé de Mohura: Boa música nós temos. Graças a Deus.

Comunidade: Tem o DVD também.

Zé de Mohura: O DVD é um trabalho de juntar uma colcha de retalhos. Estamos acabando de juntar a colcha para nos cobrir. Assim que ficar pronto vamos colocar junto do CD para vender em tabuleiros nas feiras.

Comunidade: E o Café Nordestino?

Zé de Mohura: O Café Nordestino é isso aqui que vocês estão vendo. É um encontro de amigos que se encontra para aproveitar um café com rapadura e as especiarias do Nordeste. O aroma e o sabor regional. Ta aí. Se quiser aproveitar... Depois da cerveja toma o café.

Comunidade: Então faz um improviso para fechar essa matéria.

Zé de Mohura: Vou falar sobre o Nordeste.
Quero falar sobre o Nordeste.
Saldar a nossa classe nordestina.
O povo da Paraíba, João Pessoa e Campinas.
O Rio Grande do Norteterra de caboclo forte.
Nossa terra potiguarina

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